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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Homesickness


Homesickness é o nome dado a uma desordem emocional, causada sobretudo por um sentimento de saudade patológica... Saudades da pátria, do lar e da família... É aquele sentimento de "nostalgia” que nos assola e interfere com a nossa concentração, rendimento académico e social. Estudar no exterior, apesar de ser uma experiência ímpar e muito rica em termos de conhecimento e sobretudo amadurecimento, pode também representar, estar pela primeira vez, distante de tudo e todos! Inicialmente é comum certa empolgação, pelo facto de estar rodeado de pessoas de todo o mundo, com outros hábitos e gostos, num ambiente universitário diferente e um país completamente novo para explorar nas horas livres! Entretanto, com a instalação da rotina, advém o sentimento de nostalgia... O sentir-se "atado" ao que deixou para trás... Familiares, amigos, ambiente académico, etc...

A fim de facilitar a sua adaptação, procure seguir algumas das dicas abaixo, tomando o cuidado de intercalá-las com as actividades universitárias, para não comprometer o seu aproveitamento:
  • Antes mesmo de viajar, procure através das redes sociais ou pesquise no site da Universidade, outros alunos ou pessoas que moram na cidade que será o seu destino de estudo. Os jovens estrangeiros são, normalmente, bastante abertos a amizades com estudantes internacionais e poderão responder perguntas sobre a sua nova cidade e, quem sabe, esperar por você quando mudar-se, para apresentá-lo a diferentes locais e amigos;
  • Entre em contacto com a Universidade para pedir a lista de alunos que estudarão com você, ou então o contacto de algum tutor ou guia de novos estudantes que possa fornecer contactos antes de viajar. É uma óptima alternativa ter alguém conhecido no país de destino ou ansioso para conhecê-lo;
  • Uma vez no novo país, engaje-se em comitês, grupos de estudos, e actividades extra-curriculares oferecidos pela instituição. Manter-se ocupado é a melhor forma de se distrair e não dar espaço para o Homesickness. E frequentar estes ambientes será uma forma de conhecer pessoas com os mesmos interesses que os seus;
  • Ter acesso livre a um computador e internet não é um luxo para todos. A grande maioria dos estudantes estrangeiros deixa para comprar um portátil nos países de destino, onde, normalmente, os electrónicos são muito mais baratos que no Brasil. De qualquer forma, ter acesso às redes sociais e principalmente, ao Skype é uma arma forte contra a homesickness. Poder ver e conversar com familiares e amigos com frequência, diminui a distância e a sensação de solidão (que inevitavelmente uma hora ou outra, aparece);
  • Frequente ambientes além da Universidade em que possa conhecer outras pessoas e manter um círculo de amigos. Esta é uma dica valiosa: crie amizades duradouras, para que, no momento em que as saudades apertarem, você tenha liberdade de ligar e marcar alguma coisa com alguém para distrair;
  • Continue a prática de hobbies: entre em uma academia, ache um lugar para correr, frequente aulas de dança ou artes marciais, vá ao cinema... Manter hábitos da sua vida brasileira ajuda a sentir-se em casa;
  • Crie um blog. Esta é uma opção escolhida por inúmeros jovens que estudam no exterior. Escrever sobre sua vida em uma Universidade estrangeira vai ser uma forma de desabafar, dividir experiências e o principal: manter informado e ajudar matar a saudade de quem lhe espera no Brasil;
  • Tente, logo no início, criar sua rotina na nova cidade. Conheça os arredores e incremente seu dia-a-dia com tarefas e costumes simples, que farão com que sua rotina pareça mais natural. Crie o dia da lavanderia e lave suas roupas sempre nas terças-feiras ou nas quartas, por exemplo. Faça visitas periódicas ao mercado da esquina. Tome café da manhã em um restaurante próximo. Faça suas tarefas de casa em um "Starbucks" (cafe). Sem perceber, você sentirá parte do lugar;
  • Procure trabalhos voluntários na região. Além de distrair, você irá se ocupar com algo beneficente. Bibliotecas, escolas e hospitais públicos são sempre óptimos lugares para procurar alguma função voluntária. Aproveite procurar algo na sua área de estudo, que o ajudará a adquirir experiência prática para o seu curso;
  • Uma vez criada a sua rotina e adaptado ao novo ambiente, planeje férias, passeios e viagens. Você terá um mundo todo a explorar e novas amizades que durarão a vida toda. Não se prenda a sua vida no Brasil; quando retornar, logo, logo a rotina se fará presente!
Parte do material foi extraído do site http://www.hotcourses.com.br/

domingo, 20 de janeiro de 2013

Programas de Mobilidade Académica; um novo desafio!


No período de 05 a 14 de Dezembro, a Secretaria Especial do Gabinete para Assistência a Brasileiros, ministrou nas respectivas instalações das Universidades do Norte, uma Sessão Informativa, para os alunos dos diversos Programas de Mobilidade (PLI, Ciência sem Fronteiras, Santander, etc).


As Sessões objectivaram entre outros, a proximidade do Consulado junto as  comunidades de estudantes brasileiros, residentes em Portugal, a divulgação da rede de apoio psico-social e psicológica já existente, a fim de tentar colmatar certas lacunas que foram sendo observadas, desde a chegada dos alunos (em início de Setembro). Além de orientações acerca das situações práticas do dia-a-dia (tipo de roupas adequadas ao frio e onde adquiri-las, aquecimento da casa e gastos com energia, etc...), e aspectos psico-sociais e emocionais, inerentes ao processo de adaptação.

Outro factor preponderante foi a troca de informações, como contributo fundamental, para a melhoria dos serviços prestados de toda a rede, que viabilizam quer seja no Brasil ou em Portugal, os Programas de Mobilidade e sua expansão a curto e médio prazo. É indispensável a articulação dos "diversos saberes", a fim de salvaguardar  os  interesses dos milhares de alunos, que se encontram expatriados  e que tem como expectativas, o incremento académico e científico, promovido pelos respectivos intercâmbios.

Os diversos sectores universitários, responsáveis pela gestão destes alunos, oriundos dos diversos programas, expressaram após as sessões, o interesse e apoio incondicional, no estreitamento dos laços com o Consulado, através da Assistência Psicológica, para a troca de sinergias e elaboração de directrizes e projectos, de forma a  prestarmos todos, um serviço mais integrado e que responda mais eficazmente, as necessidades destes estudantes; nosso bem maior!O  crescente número de jovens Brasileiros que estão a ingressar nas universidades Portuguesas e a perspectiva cada vez maior deste novo fenómeno, fomenta a preocupação e a necessidade em estabelecer parcerias e relações de entreajuda. 

Os Programas de Mobilidade, proporcionam a estes jovens, uma oportunidade até então inimaginável, tanto do ponto de vista dos alunos, como do entorno; "uma ocasião fantástica a não perder, de forma alguma"! Todavia, no decorrer do processo de selecção, depararam-se com muitas informações e procedimentos contraditórios (seguro de viagem, seguro de saúde, PB4), além das frequentes demoras na emissão dos vistos, acarretando para alguns, atrasos consideráveis na viagem, com consequências desastrosas do ponto de vista psico-social, além da sobrecarga de stress. 

A maioria dos jovens estão satisfeitos com os cursos; Engenharia Química (FEUP) é o 14º melhor da Europa! Em Braga e perto da Universidade do Minho, localiza-se o Instituto Ibérico de Nanotecnologia/Laboratório Ibérico de Nanotecnologia - INL, patrocinado pelos governos Português e Espanhol e Comissão Europeia. Este Instituto terá um papel dinamizador no desenvolvimento das Nanotecnologias na Europa e em especial no Minho, assim como recursos tecnologicamente avançados. 

Sendo o Brasil um País multicultural, de dimensões e contrastes sócio-económicos colossais, depara-mo nos com jovens oriundos de locais com baixíssimos índices populacionais, que nunca saíram da região onde nasceram, de classes sociais modestas, que frequentam Universidades Federias com pouca expressividade académica, em contraste com jovens de grande poder aquisitivo, nascidos em grandes centros urbanos, com hábitos de deslocações Nacionais e Internacionais, estudantes das melhores Universidades do País e da América do Sul... Além disso, cada aluno tem uma história de vida e uma relação parental e social distintas, que acabam por descortinar-se no convívio diário com colegas de mesma nacionalidade, com realidades completamente díspares, intensificando sentimentos de "desenraizamento" e inadequação social, afectiva e até mesmo intelectual. 

Os problemas comuns do dia-a-dia, como a gestão académica e do lar, parecem intransponíveis, quando se vêem sozinhos, sem as figuras de vinculação e distantes das origens e de tudo o que os é peculiar, transformando estas experiências em algo assustador e desorganizador, do ponto de vista psicodinâmico e emocional (Homesickness).

Diversos factores corroboram com as dificuldades apresentadas por estes jovens, seja do ponto de vista académico, político, social, climático, psico-social, afectivo, etc. Os estudantes dos diversos Programas de Mobilidade, são na maioria jovens adultos com excelente rendimento académico nas universidades de origem, alguns com elevado sentido de responsabilidade, perfeccionistas, que se reconhecem como pessoas “ansiosas”, frente as situações novas ou de avaliação, com grande temor em “fracassar”, “desiludir” ou "não cumprir com as expectativas" que lhes foram/são depositadas, seja pelos pais, familiares, colegas, professores e o próprio País...

A sobrecarga dos factores stressores (expectativas demasiadas, alto custo do investimento e comprometimento, mudança para o Exterior), bem como as novas demandas sociais, afectivas e atmosféricas ao qual são expostos (menos luminosidade, frio e chuva, alterações alimentares,  gestão financeira, do lar, linguagem, rendimento académico), assim como situações inesperadas: assaltos, perda de documentos, acidentes, doenças súbitas, são o "gatilho" para deflagrar uma avalanche de sentimentos de inadequação, frustração, ambivalência, que culminam com dificuldades cada vez mais significativas de adaptação, concentração e memória e favorece a instalação de distúrbios de ansiedade, depressão, inclusive a tipicamente "sazonal", entre outros.

As queixas somáticas, tais como dor abdominal, dor de cabeça, náuseas e vómitos ou sintomas cardiovasculares, tais como palpitações, tontura e sensação de desmaio iminente, são também frequentes, bem como relatos de hipersonia, compulsão alimentar, queda de cabelo e pêlos,  desrealização e despersonalização.

É possível ajudar estes jovens a ultrapassar estes quadros, sobretudo com a terapia E.M.D.R, exercícios de relaxamento e psicoterapia breve focal. Somente em algumas situações ou se houver comorbidade, justifica-se a terapia medicamentosa e daí acompanhamento médico.

O apoio e atenção dos colegas é fundamental, estejam atentos! Se observar um colega muito distante, que frequentemente fecha-se no quarto, recusa-se a sair de casa, ou está constantemente a dormir e ingerir alimentos ricos em hidratos de carbono, não virem as costas! Estes são importantes sinalizadores e indicam que esta pessoa precisa de ajuda!


É papel de cada um de nós, das universidades e da sociedade como um todo, proteger os alunos residentes, bem como "acolher", "orientar" e "apoiar" os novos alunos, na perspectiva de uma melhor socialização e adaptação. 

Ana Cristina Saladrigas
Psicóloga - O.P.P n.º 8501
Assistência Psicológica
Secretaria Especial do Gabinete para Assistência a Brasileiros
Consulado-Geral do Brasil no Porto