terça-feira, 8 de março de 2011

Psicologia da Saúde e Psiconeuroimunologia; Um Percurso para os Diversos "Saberes"

O campo da Psicologia é dividido, em geral um tanto arbitrariamente, em diferentes áreas, cada qual com seu estilo próprio. Na medida  em que surgem novos campos e perspectivas de actuação do psicólogo, surge também uma necessidade premente de ampliação e busca de novos modelos, conceitos e práticas, que abarquem as necessidades deste novo tempo.

Assim sendo, a "Psicologia da Saúde agrega o conhecimento educacional, científico e profissional da disciplina Psicologia, para utiliza-lo na promoção e na manutenção da saúde, na prevenção e no tratamento da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico, relacionados à saúde e às disfunções”.

Os limites de actuação da Psicologia da Saúde são amplos e envolve todas as fases do atendimento ao pacientes – primário, secundário e terciário, além dos Cuidados Paliativos e suporte no Luto.

Actualmente a ideia de “saúde”; Segundo a O.M.S (Organização Mundial de Saúde), é definida como “bem estar físico, mental e social e não apenas como ausência de doenças”.

De modo geral e bem sucinto, a Psicologia da Saúde seria a prática de levar o indivíduo a um novo caminho, que represente o seu “bem-estar físico, mental, social e espiritual”; ou seja, auxilia-lo para que este deixe de ser meramente um sujeito “passivo” acometido por uma determinada patologia e torne-se agente da sua própria “saúde”; agente de suas próprias condições vitais, alguém que estará a trabalhar pela reconstrução de sua saúde e pela sua realidade social, familiar e até mesmo económica.

Este trabalho integrado só é possível com a participação de outros profissionais, que como nós (psicólogos), acreditam que para abarcar a totalidade do “Ser”, tudo aquilo que possa fazer parte da vida desta pessoa, seja considerado de maneira plena e absoluta!

Faz-se necessário considerar sempre e incondicionalmente, que cada pessoa está inserida num contexto sócio-cultural, histórico, temporal e que traz em seu corpo, sinais de seu tempo e de sua sociedade.

A concepção do sistema imunológico/imunitário como sistema autónomo, de funcionamento exclusivamente químico, deu lugar, especialmente a partir dos anos oitenta, a uma concepção integrada, em que se reconhece que este sistema está integrado com outros sistemas, sendo sensível à regulação do sistema nervoso (Ader, 1983; Rabin, Cohen, Ganguli, Lysle &Cunnick, 1989; Cohen & Herbert, 1996). Aceita-se assim, o papel que as diferentes áreas do funcionamento humano, nomeadamente cognitivo e emocional, possam ter sobre a sua eficiência.

Deste modo nasceu a disciplina designada por Psiconeuroimunologia, dedicada a estudar as relações entre os stressores psicossociais, as emoções e os sistemas neuroimunológicos, que organizam a resposta adaptativa ao stresse.

A hipótese base deste modelo é que os stressores psicossociais diminuem a eficiência do sistema imunológico, o que leva ao aumento de sintomas médicos. Diversas investigações actuais e reconhecidas internacionalmente, procuram corroborar com aquelas já bastante  aceitas no meio académico, sobre as condições psicossociais e emocionais que  afectam a imunocompetência.

Dentro desta perspectiva biopsicossocioespiritual-ecológico, tudo o que afectar este “homem”, seja de forma positiva ou negativa, afectará incondicionalmente todos os seus sistemas; neurológico, imunológico, hormonal, etc. (Esther Sternberge e Phillip Gold), 1997., denominaram este fenómeno de Cross Communication.
   
A Psicologia da Saúde, pode-se assim dizer, é uma Psicologia cujas praticas actuam para uma integração da saúde mental, com a saúde física e social do paciente. Uma psicologia que considera a compreensão orgânica da psicossomática, da psico-oncologia e os avanços da psiconeuroimunologia. Uma Psicologia que considera que a “doença” é acima de tudo, um desequilíbrio entre o físico e o emocional e suas intercorrências  com a realidade social do paciente.

Só assim podemos compreender o processo único da ocorrência de uma doença, sua evolução, resolução (cura ou cronificação), terminalidade e morte, num dado paciente em relação aos outros.

Assim sendo, mais do que a necessidade da multidisciplinaridade, é fundamental a interdisciplinaridade, ou seja, a integração entre os diferentes níveis do saber profissional, não apenas articulados entre si, mas também harmonizados diante de uma proposta mais ampla e humanizada da compreensão da Saúde e da Doença.

Deste modo, podemos efectivamente olhar para o nosso semelhante e enxergá-lo como um ser completo, inteiro e não mais fragmentado.

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