quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Aspectos Emocionais e Comportamentais da Obesidade e Sobrepeso

Porque a maioria das pessoas que “emagrecem”, não conseguem manter o peso alcançado, a médio e longo prazo???
 Aspectos Emocionais da Obesidade e Sobrepeso.
A prevalência de sobrepeso e obesidade  vem  aumentando  rapidamente no mundo,   sendo
considerado um importante problema de saúde pública, tanto para países desenvolvidos como em desenvolvimento. Em 2002, estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontavam para a existência de mais de um bilhão de adultos com excesso de peso, sendo 300 milhões considerados obesos.

A obesidade é uma doença crónica, que envolve factores sociais, comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos. Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura corporal resultante do desequilíbrio energético prolongado, que pode ser causado pelo excesso de consumo de calorias e/ou inactividade física.

Os factores genéticos desempenham papel importante na determinação da susceptibilidade do indivíduo para o ganho de peso, porém são os factores ambientais e de estilo de vida, tais como hábitos alimentares inadequados e sedentarismo, que geralmente levam a um balanço energético positivo, favorecendo o surgimento da obesidade.

O sobrepeso e a obesidade contribuem de forma importante para a carga de doenças crónicas e incapacidades. As consequências para a saúde associadas a estes factores vão desde condições debilitantes que afectam a qualidade de vida, tais como a osteoartrite, dificuldades respiratórias, problemas músculo-esqueléticos, problemas de pele e infertilidade, até condições graves como doenças coronárias, diabetes tipo 2 e certos tipos de cancro.

O sobrepeso e a obesidade também estão associados a distúrbios psicológicos, incluindo depressão, distúrbios alimentares, imagem corporal distorcida e baixa auto-estima. As prevalências de ansiedade e depressão são de três a quatro vezes mais altas entre indivíduos obesos. Além disso, indivíduos obesos também são estigmatizados e sofrem discriminação social. Apesar de as comorbidades associadas ao sobrepeso e à obesidade serem mais frequentes em adultos, algumas delas, como diabetes tipo 2, hipercolesterolemia, hipertensão arterial e problemas ortopédicos, também têm sido observadas em crianças e adolescentes com excesso de peso. Estima-se que adolescentes com excesso de peso tenham 70% de probabilidade de se tornarem adultos com sobrepeso ou obesos.

Além das consequências para a saúde, o sobrepeso e a obesidade também acarretam consequências socioeconómicas substanciais. Os custos do excesso de peso para os sistemas de saúde são altos e podem ser directos e indirectos. Os directos envolvem gastos com o tratamento da obesidade e suas consequências. Entre os indirectos, encontram-se a perda de renda pela redução da produtividade e do absenteísmo, devido à doença ou incapacidade e a perda de renda futura, devido a mortes prematuras. De acordo com estimativas da International Obesity Task Force, o custo directo atribuído à obesidade em países industrializados, representa de 2% a 8 % do gasto total com a atenção à saúde.


Entretanto, o facto destas e de tantas outras informações serem de conhecimento da grande maioria das pessoas, pouco ou nada contribuem para alterarmos nossos hábitos... Por que isso acontece???  Primeiro porque alterar hábitos é algo extremamente complexo, uma vez que exige formas de “Ser” e “Estar” diferentes daquelas aprendidas, ou seja, exige um repertório de novas estratégias de Coping ou enfrentamento; por outro lado, a alimentação envolve uma série de elementos não apenas culturais, sociais e de hábitos, como também afectivos e emocionais.
Em todas as culturas, o alimento tem papel de destaque. Nós, seres humanos, desde o nosso primeiro contacto com o alimento - durante a amamentação - recebemos, além da nutrição, o calor, o toque, a voz suave e o carinho de alguém que nos nutre física e emocionalmente. Ao  longo da nossa existência, as relações com os alimentos continuam permeadas por sentimentos, por exemplo, quando alguém nos prepara um delicioso bolo ou lanche… Os alimentos, vão adquirindo valor sentimental também em celebrações que reúnem a família em torno da mesa, como a Páscoa, ou a ceia de Natal. Do mesmo modo, o alimento passa a constituir demonstração de afecto no ato de presentear quem se ama com bombons ou chocolates, ou ainda, na preparação de um prato especial, numa data marcante (aniversários, bodas, etc.), e por fim o carácter social, do convívio e troca de experiências em volta de uma mesa ou barbecue…

Desta forma, a relação do homem com o alimento adquire significados que vão muito além do simples valor nutricional. Muitas vezes, a comida ou o acto de comer, se tornam a principal maneira de lidarmos com as nossas emoções.

Assim, comemos quando estamos ansiosos, preocupados, tristes, com raiva, cansados, desmotivados, ou quando não nos sentimos bem, quando nossa auto-estima está rebaixada...
Isso significa atribuir à comida funções que não podem ser supridas por ela, como aplacar desconfortos, frustrações, solidão ou ociosidade. O alimento é uma maneira fácil, de “baixo custo” e imediata de obtenção do prazer.

No caso de sobrepeso/obesidade, emagrecer não é uma questão apenas de controlo alimentar, mas uma busca pelo equilíbrio e maturidade emocionais. O controlo alimentar e a actividade física são muito importantes para se obter sucesso no emagrecimento, todavia, na maioria das vezes, não são suficientes para manter o peso dentro dos limites saudáveis. Dietas restringem temporariamente a alimentação, mas não ensinam a lidar com a ansiedade e o sentimento de “vazio”, decorrentes não apenas das mudanças alimentares, mas da nossa incapacidade de obter satisfação, através de outros meios. Há que se alterar a equação Culpa X Prazer, porque existem outras formas de gratificação…

Desse modo, o processo de emagrecer envolve tanto o aspecto físico, comportamental, como o emocional.

“O prazer de emagrecer e se manter saudável e activo, supera o prazer de comer em excesso”

É necessária a construção de uma identidade “magra”, onde gradativamente desenvolvemos uma nova atitude em relação a nós próprios e aos alimentos; saber quando, quanto e o que comer, assumindo responsabilidade pelo processo de emagrecimento. Identificar objectivos claros e significativos, que sejam subjacentes ao prazer momentâneo, proporcionado pela comida em excesso.

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