Mulheres e homens percecionam as relações afetivas, amorosas e sexuais de
maneiras e intensidades diferentes, fruto de modelos e papéis que remontam aos
tempos paleolíticos, ainda que continuem inscritos até hoje no nosso ADN… Não
há como escapar!
No exercício da minha profissão, acompanho experiências e formas de
relacionamentos distintos entre homens e mulheres; não existe um modelo que
abarque todas as dimensões, contudo posso reiterar que as espectativas de ambos
são muito distintas! Isso confere frustração, instabilidade emocional, baixa
autoestima e sofrimento, tanto no sexo masculino como no feminino.
As mulheres, sobretudo as mais “maduras” são mais exigentes e esperam dos
homens algumas atitudes e características de personalidade, que passam
completamente desapercebidas pelo sexo oposto!
Ainda que cada pessoa e cada relação tenham as suas necessidades e particularidades
e que não haja nenhuma “receita” para relacionamentos “perfeitos”, o certo é
que algumas atitudes fazem a diferença e contribuem, ou não, para a manutenção
de uma vida em conjunto com maior ou menor grau de satisfação.
As mulheres valorizam a educação, gentileza e cordialidade, esperam respeito
e sinceridade, ainda que a frontalidade possa magoar - a isso chama-se lealdade!
As mulheres esperam dos parceiros amorosos ATITUDES – é frustrante para uma
mulher quando os homens dizem frases como “o que decidires está bem”, “faça
como achares melhor” (mas isso é o que já fazemos quando não estamos numa relação!).
É imprescindível nos dias que correm a divisão das tarefas, a tomada de decisão
e a responsabilidade inerente de quem desejou assumir uma relação, uma família
e tudo o que isso realmente implica, sobretudo numa altura de tantos desafios
profissionais e familiares.
A rotina, a “mesmice” do dia-a-dia, cria incondicionalmente um espaço de
algum acomodamento e desilusão, que é preciso colmatar através de pequenas, mas
poderosas atitudes! As mulheres e os homens, gostam de ser surpreendidos! O
fator surpresa desencadeia uma avalanche de descargas hormonais e no caso de
uma surpresa positiva, consequentemente bem-estar! E surpreender não é assim
tão difícil!
Apanhar os filhos na escola e deixar na casa dos avós para um jantar romântico
ao meio da semana, um banho a dois logo pela manhã, uma SMS “apimentada” ou
foto sensual no meio de uma tarde chuvosa… Solte a imaginação! Pequenos gestos “esquentam”
uma relação, basta começar!
Mulheres esperam ser valorizadas pelos companheiros e isso não significa
receber elogios que soem exagerados ou desproporcionais, mas é importante
sentirmo-nos únicas e especiais (quem não precisa não é mesmo ?!). Não devemos
perder oportunidades de reforçar características ou atitudes que apreciamos
(chamamos de reforço positivo), caso contrário essas particularidades
pulverizam-se no “Tempo” e “Espaço” da relação.
Não há nada mais desencorajador para uma mulher que arranjar-se para um
encontro ou jantar (cuidado com o cabelo, uma roupa sensual, um perfume
sedutor) e o companheiro nem dar por isso! Os homens muitas vezes, sobretudo
quando já estão numa relação, tem a tendência de descuidarem-se da própria
aparência, tornam-se mais “desligados”… A atração física e intelectual (para as mulheres é imprescindível
admirar o seu homem) é um importante estímulo para a manutenção do desejo
sexual, por isso algo que precisamos sempre que possível “alimentar”. As
mulheres sentem-se atraídas por pequenos pormenores!
Ser confiante e transmitir confiança é também vital para uma relação. Por
mais envolvido ou envolvida que uma pessoa esteja, precisa dar espaço ao outro.
Somos seres sociais e necessitamos interagir com outras pessoas e com nós
próprios, sim porque não temos todos os mesmos interesses e aptidões e tão
pouco os mesmos “times”. Nenhuma relação é uma ilha e se inicialmente (quando
estamos apaixonados) isso até parece ter alguma “piada”, com o tempo vira um
pesadelo! A liberdade de ir e vir, ter amigos e amigas que não sejam comuns,
participar de eventos distintos, em nada compromete a relação – deve haver
espaço para o desenvolvimento dos diferentes papéis sociais! (filha (o), mãe
(pai), irmã (irmão), aluna (aluno), profissional, mulher (homem), etc.).
Fundamental em qualquer relação existir o desejo de crescer,
desenvolver-se, ou seja, criar metas para o futuro, sejam elas a curto, médio
ou longo prazo. Podem ser “simples” ou mais arrojadas como (arrumar um novo
emprego, estudar algo diferente, trocar de carro, realizar uma viagem)… As
pessoas precisam ter sonhos, alguma ambição, desejo e vontade de crescer,
necessidade de perseguir um caminho em busca de um objetivo, sonhar junto e
individualmente, pois novamente não vamos ter os mesmos desejos, mas deverá
haver espaço para as prioridades de cada elemento do casal e ambos devem
apoiar-se mutuamente para o alcance dessas metas!
O companheirismo é uma atitude implícita aos relacionamentos, contudo as
pessoas queixam-se de sentirem-se cada vez mais sozinhas! Se nos anos 50 – 60 o
grande vilão destruídor das famílias foi o então televisor, atualmente a
disputa é bem mais acirrada! (Tablets, smartphones, redes sociais e outras
tecnologias), que apesar de serem parte integrante da socialização atual, tem
comprometido gravemente as relações afetivas e de intimidade. Há que utilizar
essa panaceia ao favor das relações, equacionar o tempo que dispensamos às centenas
de aplicativos, redes sociais, etc. e àquele que dedicamos aos amigos,
companheiros, familiares, filhos, etc.
Como tudo na vida, uma relação também tem seus momentos menos bons, alguns
até mesmo muito difíceis, quase insuportáveis. Nestas situações é necessário
manter-se presente (sem contudo, ser invasivo), transmitir confiança, oferecer
apoio e conforto, buscar compreender o outro, ainda que a nossa perspetiva acerca
do problema possa ser diferente!
Respeitar fundamentalmente a dor do outro, legitimá-la, sendo assim um elemento
imprescindível na superação do problema, seja ele individual, do casal ou
familiar. A vida à dois, ou em família, requer empenho, dedicação,
flexibilidade, humildade e resiliência (capacidade para lidar com as dificuldades
inerentes e conseguir ferramentas para ultrapassá-las).
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