domingo, 2 de fevereiro de 2014

EMDR: Uma Terapia para Tratamento de Traumas


Quando um trauma  ocorre ele  passa a interferir em  nossas vidas de forma direta ou indireta através  de nossos  comportamentos  e atitudes. O trauma, na maioria das vezes, limita e  empobrece nossa  qualidade  de  relacionamentos   interferindo diretamente em nosso bem-estar e em nossa saúde  emocional. Existe  uma gama de   acontecimentos  que   podem  causar um  trauma,   mas  sua   instalação está diretamente relacionada à capacidade  emocional, que inclui  preparo  e  maturidade do  indivíduo  para    lidar  com  aquela  situação  assustadora;  desta forma,  uma ocorrência   pode ser   extremamente  traumatizante   para uma pessoa e ser mais facilmente elaborada por outra. 

Podemos entender o trauma como uma experiência de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, que põe em risco a segurança ou integridade física do paciente ou da(s) pessoa(s) amada(s), p.ex.: catástrofe natural, acidente, assalto, seqüestro, estupro (ou outro crime), testemunhar a morte violenta de outros, ser vítima de tortura física ou emocional, sofrer mudança súbita e ameaçadora na posição social e/ou nas relações do indivíduo, tais como perdas múltiplas, etc. São sintomas típicos de estresse pós-traumático, episódios de repetidas revivescências do trauma sob a forma de memórias intrusas (flashbacks) ou sonhos, algumas vezes ocorrendo embotamento emocional, afastamento de outras pessoas, evitação de atividades e situações que possam de alguma forma recordar o trauma.

O QUE É EMDR? 
EMDR – Eye Movement Desensitization and Reprocessing
(Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares)

O EMDR é um método revolucionário criado pela Dra. Francine Shapiro, psicóloga americana - PhD, especialmente empregado no tratamento de transtorno de stress traumático e pós-traumático, quadros de ansiedade, depressão, fobias, síndrome do pânico, instalação de recursos positivos e outros. EMDR é a nova terapia especialmente útil para a transformação das lembranças traumáticas. De uma forma revolucionária ajuda a libertar a mente, o corpo e abrir o coração. É uma forma de ver a conduta disfuncional, quando se acredita que a sua origem está em incidentes traumáticos do passado. Quando estes são identificados de uma forma sábia e hábil, podem ser processados e integrados, o que resulta em condutas funcionais e apropriadas. 

Parnell, L. (1997) Transforming Trauma: EMDR. New York: WW Norton & Co. p.39

A ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA recomenda o EMDR como um dos principais métodos da atualidade para o tratamento de situações traumáticas. Novas aplicações do método têm se voltado para o tratamento de doenças psicossomáticas. O referencial teórico da psicoterapia de processamento encontra respaldo em descobertas recentes no campo neuropsicológico, e os resultados clínicos são obtidos com rapidez. Estudos recentes indicam o sucesso e a manutenção das conquistas terapêuticas.

Como Funciona o EMDR? 

O EMDR é um trabalho que exige profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, dos Estados Unidos, para sua implementação. Atualmente utilizamos, além dos movimentos oculares, outras formas de estimulação bilateral, como a auditiva e a tátil. Para algumas pessoas estas formas dão melhores resultados. O EMDR é um trabalho complexo que exige o conhecimento da história clínica do paciente, diagnóstico apropriado, desenvolvimento de uma relação empática terapeuta/cliente e a preparação do paciente para o EMDR em si. Os movimentos são realizados em conjunto com a psicoterapia para ajudar o cliente a integrar os traumas processados. 

A teoria dos Movimentos Oculares Rápidos durante o sono REM é a mais relevante para explicar o êxito do EMDR. Parece que todos nós estamos processando as experiências do dia durante as etapas do sono REM. Em situações normais, parece que o cérebro "revisa" as experiências do dia, processa e arquiva as lembranças no seu enorme banco de dados cerebral. No entanto, quando temos alguma experiência traumática, parece que o cérebro não consegue processar o evento e o incidente permanece armazenado como uma espécie de "nó neurológico". É possível que os pesadelos sejam tentativas fracassadas do cérebro de processar as lembranças traumáticas. 

Com o EMDR o cérebro recebe a ajuda necessária para processar o fato e arquivá-lo. Perde-se, assim, a carga negativa associada à situação, e muitas vezes se recuperam as lembranças positivas vinculadas a isso e que antes não se podiam perceber. Muitas pessoas têm a sensação de que a lembrança agora está realmente no passado e que já não incomoda quando se recordam dela. Uma cliente disse, depois do processamento de uma experiência de abuso sexual: "dói, mas já não fere. 

Como ocorre uma sessão de EMDR? 

A aplicação do EMDR é feita a partir da escolha de um problema específico a ser trabalhado. O cliente traz um tema perturbador, que pode ser a lembrança de um evento traumático ou um pensamento negativo, por exemplo. Procura manter em mente uma cena, um sentimento, um som, um pensamento e ainda as crenças negativas relacionados ao problema, enquanto o terapeuta conduz os movimentos bilaterais. 

Nosso cérebro possui recursos para realizar a cura de suas feridas emocionais, da mesma forma que nosso corpo cura nossas feridas físicas. O processo de EMDR direciona nosso cérebro para a cura. O processamento acelerado de informações propiciado pelo EMDR é feito de forma particular, ou seja, cada um irá processar suas associações, baseada em sua experiência pessoal e seus valores. 

Os estímulos bilaterais são repetidos até que a lembrança seja menos perturbadora e possa ser associada a pensamentos e crenças pessoais mais positivas. É importante informar que o EMDR não é um tipo de hipnose e que a pessoa pode interromper os movimentos a qualquer momento. A Dra. Shapiro diz que "quando a informação é integrada de forma positiva e resolvida de forma adaptativa, sempre estará disponível para ser usada no futuro. O EMDR não tira nada que o cliente precise e nem lhe dá amnésia". (Parnell, 1997:72).

Um princípio fundamental da terapia com EMDR é que a saúde básica existe dentro de nós e o que o EMDR faz é tirar o bloqueio causado pelas imagens, crenças e sensações corporais negativas e permitir que o estado normal (de saúde) da pessoa surja (Parnell, 1997:72)

Numa comunicação pública a Dra. Shapiro disse: "se o corpo humano tem a capacidade de se curar das feridas físicas com relativa rapidez, por que não a mente?". 

O caráter de psicoterapia breve é mais uma das vantagens do método.

http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=11118

CARTA PELA COMPAIXÃO

O princípio da compaixão é o cerne de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, nos conclamando sempre a tratar todos os outros da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. A compaixão nos impele a trabalhar incessantemente com o intuito de aliviarmos o sofrimento do nosso próximo, o que inclui todas as criaturas, de nos destronarmos do centro do nosso mundo e, no lugar, colocar os outros, e de honrarmos a santidade inviolável de todo ser humano, tratando todas as pessoas, sem exceção, com absoluta justiça, eqüidade e respeito.

É necessário também, tanto na vida pública como na vida privada, nos abstermos de forma consistente e empática, de infligir dor. Agir ou falar de maneira violenta devido a maldade, chauvinismo ou interesse próprio a fim de depauperar, explorar ou negar direitos básicos a alguém e incitar o ódio ao denegrir os outros - mesmo os nossos inimigos - é uma negação da nossa humanidade em comum. Reconhecemos que falhamos na tentativa de viver de forma compassiva e que alguns de nós até mesmo aumentaram a soma da miséria humana em nome da religião.

Portanto, conclamamos todos os homens e mulheres ~ a restaurar a compaixão ao centro da moralidade e da religião ~ a retornar ao antigo princípio de que é ilegítima qualquer interpretação das escrituras que gere ódio, violência ou desprezo ~ garantir que os jovens recebam informações exatas e respeitosas a respeito de outras tradições, religiões e culturas ~ incentivar uma apreciação positiva da diversidade religiosa e cultural ~ cultivar uma empatia bem-informada pelo sofrimento de todos os seres humanos - mesmo daqueles considerados inimigos.

É urgente que façamos da compaixão uma força clara, luminosa e dinâmica no nosso mundo polarizado. Com raízes em uma determinação de princípios de transcender o egoísmo, a compaixão pode quebrar barreiras políticas, dogmáticas, ideológicas e religiosas. Nascida da nossa profunda interdependência, a compaixão é essencial para os relacionamentos humanos e para uma humanidade realizada. É o caminho para a iluminação e é indispensável para a criação de uma economia justa e de uma comunidade global pacífica.

Extraído do site:
http://www.comitepaz.org.br/download/Carta%20pela%20Compaix%C3%A3o.pdf

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Terapia EMDR: O poder do olhar

Técnica é indicada para combater traumas psicológicos


Situações negativas do passado nem sempre são bem digeridas e, muitas vezes, memórias intrusas podem habitar-nos durante anos, décadas ou uma vida inteira. A Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares (EMDR – Eye Movement Desensitization and Retroprocessing) é um processo breve, situado entre a neurologia e a psicologia, e é especialmente indicada para combater traumas psicológicos.
Esta é uma "abordagem" com mais de 20 anos e foi descoberta casualmente por Francine Shapiro, uma psicóloga californiana, quando um dia contrariada e sujeita a pensamentos negativos passeava num parque e notara que pensamentos sombrios desapareciam quando, de forma espontânea, os seus olhos se moviam na diagonal, para a esquerda e direita e de cima para baixo.

Hoje, já transformada em modelo clínico, é usada no Mundo todo e muito aplicada para tratar veteranos de guerra ou refugiados em campos palestinianos, mas também para crises de ansiedade e imagens emocionais que provoquem sobressaltos inapropriados. A terapêutica é estabelecida em oito etapas bem precisas.

EMDR combina períodos de exposição com a simulação de distracções externas
EMDR combina períodos de exposição com a simulação de distracções externas
Michel Meignant, presidente da Federação Francesa de Psicoterapia e Psicanálise, é um entusiasta desta terapia e para provar a eficácia desta técnica percorreu o Mundo, filmou 350 sessões e submeteu-se a ele próprio ao método perante uma câmara de filmar, onde decidiu atravessar sofrimentos familiares. Existe mesmo um documentário da sua autoria sobre EMDR.

Memórias menos dolorosas


Mas, pode levar o seu tempo, segundo o médico psiquiatra. “Atrás de um acontecimento, bloqueado numa memória, podem estar outros bem dissimulados”, explicou. O EMDR trata, por isso, traumas isolados, como casos de incestos repetidos ao longo de vários anos, por exemplo. Michel Meignant explica ainda que a desaparição dos sintomas é “bastante espectacular” e que após uma sessão as más memórias são lembradas de forma não dolorosa.

EMDR Portugal define o processo como "um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais". A Associação Psiquiátrica Americana recomenda o EMDR como um dos principais métodos da actualidade para o tratamento de situações traumáticas. Entretanto, novas aplicações têm sido voltadas para o tratamento de doenças psicossomáticas. Contudo, é um trabalho que exige um profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, dos Estados Unidos.
Extraído do site: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=41992&op=all