AS PALAVRAS QUE ME PARECEM PERTINENTES PARA DESCREVER A REALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DESTE BLOG SÃO: CONHECIMENTO, REFLEXÃO, PARTILHA, CRESCIMENTO, GRATIDÃO E UM PROFUNDO DESEJO DE PODER CONTRIBUIR DE ALGUMA FORMA PARA O DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
domingo, 11 de maio de 2014
TRÁFICO DE SERES HUMANOS - A ESCRAVIDÃO DO SÉCULO XXI
Na primeira década do século XXI (2001 a 2010)
ocorreram muitas descobertas científicas, a Revista Science fez uma seleção das
dez mais marcantes, confesso que fiquei surpresa ao saber que avanços na área
da “cosmologia” permitiu criar uma sólida teoria que prevê que o universo é
composto de apenas 4,56% de matéria comum, 22,7% de matéria escura e 72,8% de energia
escura, ou ainda que nove em cada 10
células do corpo são constituídas por micróbios, só no sistema digestivo mais
de mil espécies possuem 100 vezes mais ADN do que nosso próprio corpo!
Mas porque comecei a minha explanação acerca do tráfico de seres humanos com isso?
Partimos do pressuposto que detemos conhecimento; somos todos conhecedores
daquilo que desconhecemos e desconhecemos porque não somos suficientemente
humildes para conhecer ou re-conhecer.
Para muitas pessoas, o Tráfico de Seres Humanos é apenas uma
“lenda urbana”, mais um “tema” para as novelas, algo fictício, difícil de
acreditar. Estamos em pleno século XXI! Os Direitos Humanos essenciais devem
ser respeitados! Aos menos na União Europeia, já que ainda não o são na América
do Sul, África e Ásia, onde centenas de milhares de pessoas, sobretudo mulheres
e crianças, são vítimas de todo o tipo de exploração.
Estamos na era do homem moderno, que com um ipod deixou de ter o mundo aos seus pés, para o ter nas suas mãos. Uma
sociedade mercantilista, que trata as pessoas como “coisas” e que portanto “coisificam” sentimentos e
ações. Cada qual olha por si e não mede esforços para atingir os fins, uma
sociedade em colapso, estrangulada por Leis que se sobrepõe, que não se fazem
cumprir, por processos que se avolumam, atropelam e interpelam. Uma sociedade
doente, sem valor, sem moral, escrúpulos ou ética.
Sinto-me exausta, exausta de palavras vazias, perdidas, exausta de
ações que param na metade do caminho, porque o caminho é longo, tortuoso e difícil. Estamos na era do “não te metas”, “não fales”, “não dê a conhecer o
que pensas”… Mas não foi para ter este direito salvaguardado que lutamos
séculos a fio?
Não percebo a dialética, sem a cinética, ou a cibernética, percebo
de pessoas de carne e osso, com sangue e vísceras, com hormonas e feromonas…
Percebo de indivíduos com passado, presente e sem perspetiva de futuro, percebo
de pessoas que buscam ávidas por alguém que as estenda a mão, simplesmente
porque precisam que reconheçam e validem o seu sofrimento, acreditem na sua
história, na sua trajetória e nas palavras não ditas, no olhar vago, vazio… "Atrás de uma narrativa pode haver outra história" (OTSH). Percebo de gente humilde, analfabeta e letrada, gente que tem a vida do avesso
e mesmo assim nunca desistem de lutar, ultrapassar as adversidades da vida, as
tempestades e terremotos, gente que cai e levanta, mesmo sabendo que
vai novamente cair e se possível for vão novamente levantar, porque a vida é
feita de caminhos, escolhas, “não escolhas”, pessoas boas e más, pessoas a quem
a vida tudo dá e pessoas a quem a vida tira tudo, mesmo aquilo que nunca tiveram!
Sim, estou exausta das pessoas que só tem corpo e cujas ações não
condizem com as palavras, cuja voz “empoderada” nada fala e cujo poder nada
serve, a não ser a si próprios. O Tráfico de Seres Humanos é uma violação fundamental dos direitos
humanos, é um fenômeno cujo foco é a
exploração em condições de trabalho e vida degradantes, semelhantes à
escravatura!
Em
2000, surge o Protocolo da ONU para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas que define “Tráfico de Pessoas”
como o “recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de
pessoas, por meio de ameaça ou uso de força, rapto, coação, fraude, engano,
abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade da vítima em relação ao
explorador, ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
consentimento de uma pessoa, que tenha controlo sobre outra pessoa, para fins
de exploração”.
“Embora os números sejam muito contraditórios,
estima-se que cerca de 12 milhões de pessoas no mundo sejam reféns deste
flagelo social, mais de 800 mil somente na União Europeia. Entretanto os dados
conhecidos são muito inferiores aos reais, ou pouco consistentes, uma vez que
estão baseados em métodos e números estimativos” (Dra. Maria Grazia
Giammarinaro – Juíza Tribunal de Roma - Itália).
Novos aspetos do
Tráfico Humano nos colocam diante de muitos desafios para os quais a Legislação
ainda não prevê as devidas respostas, apesar das novas Diretivas do Parlamento
e Conselho Europeu.
É um fenómeno em
constante crescimento, que se reproduz nos mais diversos locais, seja através
do Tráfico para Exploração Laboral (agricultura, comércio, construção civil,
indústria, pesca, turismo, trabalhos domésticos e todos os serviços que podem ser subcontratados, através de
intermediários), Exploração Sexual (indústria do sexo e prostituição),
Tráfico para Venda de Mulheres e Crianças, Tráfico para Mendicidade, Extração
de Órgãos, etc.
Os meios
utilizados para o efeito vão desde a burla, coação, ameaças, subjugação
psicológica, aprisionamento, etc. Os
traficantes fazem crer que a situação em que o subjugado se encontra é afinal a
sua melhor opção.
Dada a sua
complexidade, Interdisciplinaridade, Intersecionalidade e Internacionalização,
torna-se cada vez mais difícil detetar e intervir de forma célere e eficaz. É fundamental dar visibilidade a este
fenômeno, ou seja alterar a perceção que a sociedade, a polícia, os técnicos e
a própria vítima têm acerca da situação, bem como fundamentar as práticas
preventivas e punitivas, além da otimização dos recursos disponíveis no sentido
de melhorar a proteção aos seres humanos em situação de maior vulnerabilidade.
Trata-se pois de um fenômeno de grandes dimensões, transversal a todos os
Cidadãos, que movimenta milhões de euros.
Outro aspeto que
chama a atenção é sobretudo a tolerância das pessoas circundantes e da própria
vítima acerca deste tipo de exploração, sobretudo laboral, ainda mais numa
altura de forte recessão económica e importantes “cortes” nas Contribuições
Sociais.
Diversos fatores
contribuem para a disseminação do Tráfico de Seres Humanos, sejam
socioeconómicos e políticos, tanto
individuais como estruturantes, já que os motivos que levam as pessoas a serem
gravemente exploradas são diversos e complexos.
Num esforço para encontrar os motivos pelos quais
as pessoas se tornam vítimas de tráfico, os grandes fenómenos globais, como a
globalização, a pobreza, a imigração ilegal, a falta de acesso à educação, as
desigualdades socioeconómicas das mulheres e a falta de oportunidades de
emprego, têm sido implicados como causas estruturantes do Tráfico de Seres
Humanos.
A questão da migração, a considerável diminuição
das oportunidades de imigração legal, a disparidade económica entre as diversas
regiões do mundo, contribui para a existência de um grande número de potenciais
trabalhadores. Os desfasamentos entre as políticas de imigração e as realidades
do mercado servem para tornar uma grande parte da migração transfronteiriça “ilegal”,
aumentando a situação de vulnerabilidade dos potenciais trabalhadores imigrantes.
Esta situação é ainda mais agravada, pois a ilegalidade acarreta consigo a
falta de reconhecimento dos direitos destes povos nos seus pontos de destino.
Além de
vulnerabilidades estruturais, alguns especialistas e organizações têm apontado
anteriores abusos físicos, sexuais e emocionais, por exemplo em cenários de
conflito bélico, ou por parte de familiares ou conjugues como uma
vulnerabilidade adicional para a ocorrência de exploração sexual na
prostituição ou em outras situações de trabalho.
A maior parte dos casos de tráfico é nacional ou
regional, mas também há muitos casos de tráfico de longa distância. A Europa é
por norma o destino final das vítimas, provenientes de diversos locais,
traficadas sobretudo da Ásia. O Continente Americano (Norte e Sul) é importante
tanto como destino de origem, como de destino das vítimas de tráfico.
O tráfico humano afeta todos os países do mundo,
enquanto países de origem, de trânsito ou de destino, ou mesmo como uma
combinação de todas estas vertentes. O tráfico ocorre, muitas vezes em países
pouco desenvolvidos, onde as pessoas se tornam vulneráveis ao tráfico em
virtude da pobreza, de situação de pós-conflito ou de outras condicionantes. A
luta contra a discriminação nos países de origem e a conscientização da
magnitude do problema, que abarca também a sociedade nos países de destino,
torna-se fundamental para reforçar a resposta social circundante, a ajuda,
apoio, suporte, qualificação jurídica, legal, assim como alterações nas
políticas de trabalho, apoio jurídico, identificação das vítimas e suporte
antes, durante e depois do Processo Criminal.
Ana Saladrigas
Acerca do Colóquio Internacional do Tráfico de Seres Humanos / Coimbra Abril 2014
Na primeira década do século XXI (2001 a 2010) ocorreram muitas descobertas científicas, a Revista Science fez uma seleção das dez mais marcantes, confesso que fiquei surpresa ao saber que avanços na área da “cosmologia” permitiu criar uma sólida teoria que prevê que o universo é composto de apenas 4,56% de matéria comum, 22,7% de matéria escura e 72,8% de energia escura, ou ainda que nove em cada 10 células do corpo são constituídas por micróbios, só no sistema digestivo mais de mil espécies possuem 100 vezes mais ADN do que nosso próprio corpo!
Mas porque comecei a minha explanação acerca do tráfico de seres humanos com isso?
Partimos do pressuposto que detemos conhecimento; somos todos conhecedores
daquilo que desconhecemos e desconhecemos porque não somos suficientemente
humildes para conhecer ou re-conhecer.
Para muitas pessoas, o Tráfico de Seres Humanos é apenas uma
“lenda urbana”, mais um “tema” para as novelas, algo fictício, difícil de
acreditar. Estamos em pleno século XXI! Os Direitos Humanos essenciais devem
ser respeitados! Aos menos na União Europeia, já que ainda não o são na América
do Sul, África e Ásia, onde centenas de milhares de pessoas, sobretudo mulheres
e crianças, são vítimas de todo o tipo de exploração.
Estamos na era do homem moderno, que com um ipod deixou de ter o mundo aos seus pés, para o ter nas suas mãos. Uma
sociedade mercantilista, que trata as pessoas como “coisas” e que portanto “coisificam” sentimentos e
ações. Cada qual olha por si e não mede esforços para atingir os fins, uma
sociedade em colapso, estrangulada por Leis que se sobrepõe, que não se fazem
cumprir, por processos que se avolumam, atropelam e interpelam. Uma sociedade
doente, sem valor, sem moral, escrúpulos ou ética.
Sinto-me exausta, exausta de palavras vazias, perdidas, exausta de
ações que param na metade do caminho, porque o caminho é longo, tortuoso e difícil. Estamos na era do “não te metas”, “não fales”, “não dê a conhecer o
que pensas”… Mas não foi para ter este direito salvaguardado que lutamos
séculos a fio?
Não percebo a dialética, sem a cinética, ou a cibernética, percebo
de pessoas de carne e osso, com sangue e vísceras, com hormonas e feromonas…
Percebo de indivíduos com passado, presente e sem perspetiva de futuro, percebo
de pessoas que buscam ávidas por alguém que as estenda a mão, simplesmente
porque precisam que reconheçam e validem o seu sofrimento, acreditem na sua
história, na sua trajetória e nas palavras não ditas, no olhar vago, vazio… "Atrás de uma narrativa pode haver outra história" (OTSH). Percebo de gente humilde, analfabeta e letrada, gente que tem a vida do avesso
e mesmo assim nunca desistem de lutar, ultrapassar as adversidades da vida, as
tempestades e terremotos, gente que cai e levanta, mesmo sabendo que
vai novamente cair e se possível for vão novamente levantar, porque a vida é
feita de caminhos, escolhas, “não escolhas”, pessoas boas e más, pessoas a quem
a vida tudo dá e pessoas a quem a vida tira tudo, mesmo aquilo que nunca tiveram!
Sim, estou exausta das pessoas que só tem corpo e cujas ações não
condizem com as palavras, cuja voz “empoderada” nada fala e cujo poder nada
serve, a não ser a si próprios. O Tráfico de Seres Humanos é uma violação fundamental dos direitos
humanos, é um fenômeno cujo foco é a
exploração em condições de trabalho e vida degradantes, semelhantes à
escravatura!
Em
2000, surge o Protocolo da ONU para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas que define “Tráfico de Pessoas”
como o “recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de
pessoas, por meio de ameaça ou uso de força, rapto, coação, fraude, engano,
abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade da vítima em relação ao
explorador, ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
consentimento de uma pessoa, que tenha controlo sobre outra pessoa, para fins
de exploração”.
“Embora os números sejam muito contraditórios,
estima-se que cerca de 12 milhões de pessoas no mundo sejam reféns deste
flagelo social, mais de 800 mil somente na União Europeia. Entretanto os dados
conhecidos são muito inferiores aos reais, ou pouco consistentes, uma vez que
estão baseados em métodos e números estimativos” (Dra. Maria Grazia
Giammarinaro – Juíza Tribunal de Roma - Itália).
Novos aspetos do
Tráfico Humano nos colocam diante de muitos desafios para os quais a Legislação
ainda não prevê as devidas respostas, apesar das novas Diretivas do Parlamento
e Conselho Europeu.
É um fenómeno em
constante crescimento, que se reproduz nos mais diversos locais, seja através
do Tráfico para Exploração Laboral (agricultura, comércio, construção civil,
indústria, pesca, turismo, trabalhos domésticos e todos os serviços que podem ser subcontratados, através de
intermediários), Exploração Sexual (indústria do sexo e prostituição),
Tráfico para Venda de Mulheres e Crianças, Tráfico para Mendicidade, Extração
de Órgãos, etc.
Os meios
utilizados para o efeito vão desde a burla, coação, ameaças, subjugação
psicológica, aprisionamento, etc. Os
traficantes fazem crer que a situação em que o subjugado se encontra é afinal a
sua melhor opção.
Dada a sua
complexidade, Interdisciplinaridade, Intersecionalidade e Internacionalização,
torna-se cada vez mais difícil detetar e intervir de forma célere e eficaz. É fundamental dar visibilidade a este
fenômeno, ou seja alterar a perceção que a sociedade, a polícia, os técnicos e
a própria vítima têm acerca da situação, bem como fundamentar as práticas
preventivas e punitivas, além da otimização dos recursos disponíveis no sentido
de melhorar a proteção aos seres humanos em situação de maior vulnerabilidade.
Trata-se pois de um fenômeno de grandes dimensões, transversal a todos os
Cidadãos, que movimenta milhões de euros.
Outro aspeto que
chama a atenção é sobretudo a tolerância das pessoas circundantes e da própria
vítima acerca deste tipo de exploração, sobretudo laboral, ainda mais numa
altura de forte recessão económica e importantes “cortes” nas Contribuições
Sociais.
Diversos fatores
contribuem para a disseminação do Tráfico de Seres Humanos, sejam
socioeconómicos e políticos, tanto
individuais como estruturantes, já que os motivos que levam as pessoas a serem
gravemente exploradas são diversos e complexos.
Num esforço para encontrar os motivos pelos quais
as pessoas se tornam vítimas de tráfico, os grandes fenómenos globais, como a
globalização, a pobreza, a imigração ilegal, a falta de acesso à educação, as
desigualdades socioeconómicas das mulheres e a falta de oportunidades de
emprego, têm sido implicados como causas estruturantes do Tráfico de Seres
Humanos.
A questão da migração, a considerável diminuição
das oportunidades de imigração legal, a disparidade económica entre as diversas
regiões do mundo, contribui para a existência de um grande número de potenciais
trabalhadores. Os desfasamentos entre as políticas de imigração e as realidades
do mercado servem para tornar uma grande parte da migração transfronteiriça “ilegal”,
aumentando a situação de vulnerabilidade dos potenciais trabalhadores imigrantes.
Esta situação é ainda mais agravada, pois a ilegalidade acarreta consigo a
falta de reconhecimento dos direitos destes povos nos seus pontos de destino.
Além de
vulnerabilidades estruturais, alguns especialistas e organizações têm apontado
anteriores abusos físicos, sexuais e emocionais, por exemplo em cenários de
conflito bélico, ou por parte de familiares ou conjugues como uma
vulnerabilidade adicional para a ocorrência de exploração sexual na
prostituição ou em outras situações de trabalho.
A maior parte dos casos de tráfico é nacional ou
regional, mas também há muitos casos de tráfico de longa distância. A Europa é
por norma o destino final das vítimas, provenientes de diversos locais,
traficadas sobretudo da Ásia. O Continente Americano (Norte e Sul) é importante
tanto como destino de origem, como de destino das vítimas de tráfico.
O tráfico humano afeta todos os países do mundo,
enquanto países de origem, de trânsito ou de destino, ou mesmo como uma
combinação de todas estas vertentes. O tráfico ocorre, muitas vezes em países
pouco desenvolvidos, onde as pessoas se tornam vulneráveis ao tráfico em
virtude da pobreza, de situação de pós-conflito ou de outras condicionantes. A
luta contra a discriminação nos países de origem e a conscientização da
magnitude do problema, que abarca também a sociedade nos países de destino,
torna-se fundamental para reforçar a resposta social circundante, a ajuda,
apoio, suporte, qualificação jurídica, legal, assim como alterações nas
políticas de trabalho, apoio jurídico, identificação das vítimas e suporte
antes, durante e depois do Processo Criminal.
Ana Saladrigas
Acerca do Colóquio Internacional do Tráfico de Seres Humanos / Coimbra Abril 2014
Ana Saladrigas
Acerca do Colóquio Internacional do Tráfico de Seres Humanos / Coimbra Abril 2014
sábado, 8 de março de 2014
Agradecimento às Mulheres!!!
Quero expressar a minha admiração às centenas de mulheres excepcionais
que tive o prazer de conhecer
que tive o prazer de conhecer
no decorrer destes quase 17 anos de carreira!
Marias, Amélias, Anas e Fabianas, Teresas, Madalenas
e Cristinas, Sandras, Adrianas, Marianas...
Histórias de dor, sofrimento, traumas sucessivos...
e Cristinas, Sandras, Adrianas, Marianas...
Histórias de dor, sofrimento, traumas sucessivos...
Desamparo, agressões, frustrações.
Mas acima de tudo, garra, coragem, determinação!
Mas acima de tudo, garra, coragem, determinação!
Agradeço profundamente, a oportunidade de estar
frente a frente com cada uma de vocês!
Obrigada pela confiança em permitir que juntas
percorramos os mais difíceis caminhos para finalmente lá à frente,
as ver partir, altivas, "empoderadas", donas de si!
percorramos os mais difíceis caminhos para finalmente lá à frente,
as ver partir, altivas, "empoderadas", donas de si!
Com lágrimas nos olhos, um nó na garganta e um orgulho daqueles,
eu as as vejo Seguir rumo às novas paragens e novos horizontes!
Acompanhar esse processo de renascimento não tem preço!
Só entrega e amor!
Muito, muito obrigada!
domingo, 2 de fevereiro de 2014
EMDR: Uma Terapia para Tratamento de Traumas
Quando um trauma ocorre ele passa a interferir em nossas vidas de forma direta ou indireta através de nossos comportamentos e atitudes. O trauma, na maioria das vezes, limita e empobrece nossa qualidade de relacionamentos interferindo diretamente em nosso bem-estar e em nossa saúde emocional. Existe uma gama de acontecimentos que podem causar um trauma, mas sua instalação está diretamente relacionada à capacidade emocional, que inclui preparo e maturidade do indivíduo para lidar com aquela situação assustadora; desta forma, uma ocorrência pode ser extremamente traumatizante para uma pessoa e ser mais facilmente elaborada por outra.
Podemos entender o trauma como uma experiência de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, que põe em risco a segurança ou integridade física do paciente ou da(s) pessoa(s) amada(s), p.ex.: catástrofe natural, acidente, assalto, seqüestro, estupro (ou outro crime), testemunhar a morte violenta de outros, ser vítima de tortura física ou emocional, sofrer mudança súbita e ameaçadora na posição social e/ou nas relações do indivíduo, tais como perdas múltiplas, etc. São sintomas típicos de estresse pós-traumático, episódios de repetidas revivescências do trauma sob a forma de memórias intrusas (flashbacks) ou sonhos, algumas vezes ocorrendo embotamento emocional, afastamento de outras pessoas, evitação de atividades e situações que possam de alguma forma recordar o trauma.
O QUE É EMDR?
EMDR – Eye Movement Desensitization and Reprocessing
(Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares)
O EMDR é um método revolucionário criado pela Dra. Francine Shapiro, psicóloga americana - PhD, especialmente empregado no tratamento de transtorno de stress traumático e pós-traumático, quadros de ansiedade, depressão, fobias, síndrome do pânico, instalação de recursos positivos e outros. EMDR é a nova terapia especialmente útil para a transformação das lembranças traumáticas. De uma forma revolucionária ajuda a libertar a mente, o corpo e abrir o coração. É uma forma de ver a conduta disfuncional, quando se acredita que a sua origem está em incidentes traumáticos do passado. Quando estes são identificados de uma forma sábia e hábil, podem ser processados e integrados, o que resulta em condutas funcionais e apropriadas.
Parnell, L. (1997) Transforming Trauma: EMDR. New York: WW Norton & Co. p.39
A ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA recomenda o EMDR como um dos principais métodos da atualidade para o tratamento de situações traumáticas. Novas aplicações do método têm se voltado para o tratamento de doenças psicossomáticas. O referencial teórico da psicoterapia de processamento encontra respaldo em descobertas recentes no campo neuropsicológico, e os resultados clínicos são obtidos com rapidez. Estudos recentes indicam o sucesso e a manutenção das conquistas terapêuticas.
Como Funciona o EMDR?
O EMDR é um trabalho que exige profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, dos Estados Unidos, para sua implementação. Atualmente utilizamos, além dos movimentos oculares, outras formas de estimulação bilateral, como a auditiva e a tátil. Para algumas pessoas estas formas dão melhores resultados. O EMDR é um trabalho complexo que exige o conhecimento da história clínica do paciente, diagnóstico apropriado, desenvolvimento de uma relação empática terapeuta/cliente e a preparação do paciente para o EMDR em si. Os movimentos são realizados em conjunto com a psicoterapia para ajudar o cliente a integrar os traumas processados.
A teoria dos Movimentos Oculares Rápidos durante o sono REM é a mais relevante para explicar o êxito do EMDR. Parece que todos nós estamos processando as experiências do dia durante as etapas do sono REM. Em situações normais, parece que o cérebro "revisa" as experiências do dia, processa e arquiva as lembranças no seu enorme banco de dados cerebral. No entanto, quando temos alguma experiência traumática, parece que o cérebro não consegue processar o evento e o incidente permanece armazenado como uma espécie de "nó neurológico". É possível que os pesadelos sejam tentativas fracassadas do cérebro de processar as lembranças traumáticas.
Com o EMDR o cérebro recebe a ajuda necessária para processar o fato e arquivá-lo. Perde-se, assim, a carga negativa associada à situação, e muitas vezes se recuperam as lembranças positivas vinculadas a isso e que antes não se podiam perceber. Muitas pessoas têm a sensação de que a lembrança agora está realmente no passado e que já não incomoda quando se recordam dela. Uma cliente disse, depois do processamento de uma experiência de abuso sexual: "dói, mas já não fere.
Como ocorre uma sessão de EMDR?
A aplicação do EMDR é feita a partir da escolha de um problema específico a ser trabalhado. O cliente traz um tema perturbador, que pode ser a lembrança de um evento traumático ou um pensamento negativo, por exemplo. Procura manter em mente uma cena, um sentimento, um som, um pensamento e ainda as crenças negativas relacionados ao problema, enquanto o terapeuta conduz os movimentos bilaterais.
Nosso cérebro possui recursos para realizar a cura de suas feridas emocionais, da mesma forma que nosso corpo cura nossas feridas físicas. O processo de EMDR direciona nosso cérebro para a cura. O processamento acelerado de informações propiciado pelo EMDR é feito de forma particular, ou seja, cada um irá processar suas associações, baseada em sua experiência pessoal e seus valores.
Os estímulos bilaterais são repetidos até que a lembrança seja menos perturbadora e possa ser associada a pensamentos e crenças pessoais mais positivas. É importante informar que o EMDR não é um tipo de hipnose e que a pessoa pode interromper os movimentos a qualquer momento. A Dra. Shapiro diz que "quando a informação é integrada de forma positiva e resolvida de forma adaptativa, sempre estará disponível para ser usada no futuro. O EMDR não tira nada que o cliente precise e nem lhe dá amnésia". (Parnell, 1997:72).
Um princípio fundamental da terapia com EMDR é que a saúde básica existe dentro de nós e o que o EMDR faz é tirar o bloqueio causado pelas imagens, crenças e sensações corporais negativas e permitir que o estado normal (de saúde) da pessoa surja (Parnell, 1997:72)
Numa comunicação pública a Dra. Shapiro disse: "se o corpo humano tem a capacidade de se curar das feridas físicas com relativa rapidez, por que não a mente?".
O caráter de psicoterapia breve é mais uma das vantagens do método.
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=11118
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=11118
O princípio da compaixão é o cerne de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, nos conclamando sempre a tratar todos os outros da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. A compaixão nos impele a trabalhar incessantemente com o intuito de aliviarmos o sofrimento do nosso próximo, o que inclui todas as criaturas, de nos destronarmos do centro do nosso mundo e, no lugar, colocar os outros, e de honrarmos a santidade inviolável de todo ser humano, tratando todas as pessoas, sem exceção, com absoluta justiça, eqüidade e respeito.
É necessário também, tanto na vida pública como na vida privada, nos abstermos de forma consistente e empática, de infligir dor. Agir ou falar de maneira violenta devido a maldade, chauvinismo ou interesse próprio a fim de depauperar, explorar ou negar direitos básicos a alguém e incitar o ódio ao denegrir os outros - mesmo os nossos inimigos - é uma negação da nossa humanidade em comum. Reconhecemos que falhamos na tentativa de viver de forma compassiva e que alguns de nós até mesmo aumentaram a soma da miséria humana em nome da religião.
Portanto, conclamamos todos os homens e mulheres ~ a restaurar a compaixão ao centro da moralidade e da religião ~ a retornar ao antigo princípio de que é ilegítima qualquer interpretação das escrituras que gere ódio, violência ou desprezo ~ garantir que os jovens recebam informações exatas e respeitosas a respeito de outras tradições, religiões e culturas ~ incentivar uma apreciação positiva da diversidade religiosa e cultural ~ cultivar uma empatia bem-informada pelo sofrimento de todos os seres humanos - mesmo daqueles considerados inimigos.
É urgente que façamos da compaixão uma força clara, luminosa e dinâmica no nosso mundo polarizado. Com raízes em uma determinação de princípios de transcender o egoísmo, a compaixão pode quebrar barreiras políticas, dogmáticas, ideológicas e religiosas. Nascida da nossa profunda interdependência, a compaixão é essencial para os relacionamentos humanos e para uma humanidade realizada. É o caminho para a iluminação e é indispensável para a criação de uma economia justa e de uma comunidade global pacífica.
Extraído do site:
http://www.comitepaz.org.br/download/Carta%20pela%20Compaix%C3%A3o.pdf
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Terapia EMDR: O poder do olhar
Técnica é indicada para combater traumas psicológicos
Situações negativas do passado nem sempre são bem digeridas e, muitas vezes, memórias intrusas podem habitar-nos durante anos, décadas ou uma vida inteira. A Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares (EMDR – Eye Movement Desensitization and Retroprocessing) é um processo breve, situado entre a neurologia e a psicologia, e é especialmente indicada para combater traumas psicológicos.
Esta é uma "abordagem" com mais de 20 anos e foi descoberta casualmente por Francine Shapiro, uma psicóloga californiana, quando um dia contrariada e sujeita a pensamentos negativos passeava num parque e notara que pensamentos sombrios desapareciam quando, de forma espontânea, os seus olhos se moviam na diagonal, para a esquerda e direita e de cima para baixo.
Hoje, já transformada em modelo clínico, é usada no Mundo todo e muito aplicada para tratar veteranos de guerra ou refugiados em campos palestinianos, mas também para crises de ansiedade e imagens emocionais que provoquem sobressaltos inapropriados. A terapêutica é estabelecida em oito etapas bem precisas.
Michel Meignant, presidente da Federação Francesa de Psicoterapia e Psicanálise, é um entusiasta desta terapia e para provar a eficácia desta técnica percorreu o Mundo, filmou 350 sessões e submeteu-se a ele próprio ao método perante uma câmara de filmar, onde decidiu atravessar sofrimentos familiares. Existe mesmo um documentário da sua autoria sobre EMDR.
Memórias menos dolorosas
Mas, pode levar o seu tempo, segundo o médico psiquiatra. “Atrás de um acontecimento, bloqueado numa memória, podem estar outros bem dissimulados”, explicou. O EMDR trata, por isso, traumas isolados, como casos de incestos repetidos ao longo de vários anos, por exemplo. Michel Meignant explica ainda que a desaparição dos sintomas é “bastante espectacular” e que após uma sessão as más memórias são lembradas de forma não dolorosa.
A EMDR Portugal define o processo como "um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais". A Associação Psiquiátrica Americana recomenda o EMDR como um dos principais métodos da actualidade para o tratamento de situações traumáticas. Entretanto, novas aplicações têm sido voltadas para o tratamento de doenças psicossomáticas. Contudo, é um trabalho que exige um profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, dos Estados Unidos.
Hoje, já transformada em modelo clínico, é usada no Mundo todo e muito aplicada para tratar veteranos de guerra ou refugiados em campos palestinianos, mas também para crises de ansiedade e imagens emocionais que provoquem sobressaltos inapropriados. A terapêutica é estabelecida em oito etapas bem precisas.
Memórias menos dolorosas
Mas, pode levar o seu tempo, segundo o médico psiquiatra. “Atrás de um acontecimento, bloqueado numa memória, podem estar outros bem dissimulados”, explicou. O EMDR trata, por isso, traumas isolados, como casos de incestos repetidos ao longo de vários anos, por exemplo. Michel Meignant explica ainda que a desaparição dos sintomas é “bastante espectacular” e que após uma sessão as más memórias são lembradas de forma não dolorosa.
A EMDR Portugal define o processo como "um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais". A Associação Psiquiátrica Americana recomenda o EMDR como um dos principais métodos da actualidade para o tratamento de situações traumáticas. Entretanto, novas aplicações têm sido voltadas para o tratamento de doenças psicossomáticas. Contudo, é um trabalho que exige um profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, dos Estados Unidos.
Extraído do site: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=41992&op=all
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