Seja por questões de cunho
religioso, moral, filosófico ou quaisquer outros, falar em suicídio é sempre um
tema difícil, delicado, com contornos subtis, e transversais…
Falar em suicídio na infância e adolescência, é por isso um
assunto interdito – que ninguém tem a intenção de ouvir e muito menos, refletir
e discutir, até por uma questão de “pretensa proteção”. Contudo, as ideias
de morte também podem surgir como uma estratégia dos jovens para lidar com
problemas existenciais, como a compreensão do sentido da vida e da morte.
O suicídio é a segunda principal
causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos!
As exigências sociais e psicológicas impostas pelo
crescimento, bem como as mudanças físicas e emocionais, o desenvolvimento de
novos papéis, a tensão em adquirir novas habilidades e enfrentar diversos
desafios, acarretam stress elevado e contínuo, que podem impulsionar muitos
jovens a desenvolverem pensamentos e comportamentos suicidas.
Com relação às diferenças de género, as tentativas de
suicídio são mais frequentes nas raparigas, porém, o suicídio consumado é maior
nos rapazes, pois eles se utilizam de meios mais agressivos em seus propósitos.
Setenta e cinco por cento dos suicídios ocorrem em países
de baixa e média renda. Nos países com alto desenvolvimento
socioeconómico, a relação entre suicídio e distúrbios
psiquiátricos/psicológicos, sobretudo a depressão, abuso de álcool/drogas, está
bem estabelecida. Contudo, a maioria dos suicídios ocorrem de forma impulsiva –
uma reação a um momento de crise, um colapso na capacidade de lidar com as
adversidades inerentes a vida (problemas económicos, rutura de relacionamentos
afetivos, etc.), que, entretanto esconde sempre um mal estar antigo, às vezes
tão longo quanto a idade da vítima.
Outros fatores como exposição à violência intrafamiliar,
abandono em tenra idade, história de abuso físico ou sexual, transtornos de
humor e personalidade, impulsividade, presença de eventos estressores ao longo
da vida, suporte social e afetivo deficitários, suicídio de um membro da
família, deceção amorosa, homossexualidade/transsexualidade, bullying, oposição
familiar a relacionamentos sexuais, condições de saúde desfavoráveis, baixa autoestima,
dificuldade de aprendizagem, dentre outros conflitos familiares, também estão
fortemente associados com o comportamento suicida.
Dentre os principais fatores de risco, destaca-se a
depressão, que tem papel fundamental no desenvolvimento de pensamentos e
comportamentos de morte. A presença de sintomas depressivos - como sentimentos
de tristeza, desesperança, falta de motivação, diminuição do interesse ou
prazer, perda ou ganho significativo de peso, problemas de sono, capacidade
diminuída de pensar ou concentrar-se, dentre outros - é um importante fator de
risco para o suicídio. Vale
ressaltar que os adolescentes com transtorno depressivo maior apresentam, em
geral, humor irritável e instável, com frequentes episódios de explosão e de
raiva.
Conhecer os principais fatores de
risco associados ao suicídio e as diferentes formas de manifestação dos sinais
a ele associados, pode ser um passo importante para o planeamento de programas
de prevenção.
As taxas de suicídio também são elevadas em certos grupos,
sobretudo os que sofrem com discriminação, como homossexuais, bissexuais,
transgéneros e intersexuais (LGBTI), refugiados e migrantes.
Contudo, o maior fator de risco para o suicídio, são
tentativas anteriores fracassadas. A
prevenção não tem sido tratada de forma adequada, devido à falta de consciência
de que o suicídio é um grave problema de saúde pública! Para que se
possa atuar de maneira preventiva diante dos comportamentos suicidas, é preciso
estar ciente e alerta para os diversos fatores de risco e de proteção.
Não subestime as alterações de comportamento dos V/ filhos!
Nem tudo são manifestações típicas da adolescência.
Lamentavelmente é essa a
realidade, queiramos ou não compreender, assimilar ou aceitar como legítima.
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