sábado, 22 de junho de 2013

ACORDEI DOENTE MENTAL


A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: o DSM-5. E, de imediato, virei doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos tiveram pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar. E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”. 

A nova edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) exibe mais de 300 patologias, distribuídas por 947 páginas. Custa US$ 133,08 (com desconto) no anúncio de pré-venda no site da Amazon. Descobri que sou doente mental ao conhecer apenas algumas das novas modalidades, que tem sido apresentadas pela imprensa internacional. Tenho quase todas. “Distúrbio de Hoarding”. Tenho. Caracteriza-se pela dificuldade persistente de se desfazer de objetos ou de “lixo”, independentemente de seu valor real. Sou assolada por uma enorme dificuldade de botar coisas fora, de bloquinhos de entrevistas dos anos 90 a sapatos imprestáveis para o uso, o que resulta em acúmulos de caixas pelo apartamento. Remédio pra mim. “Transtorno Disfórico Pré-Menstrual”, que consiste numa TPM mais severa. Culpada. Qualquer um que convive comigo está agora autorizado a me chamar de louca nas duas semanas anteriores à menstruação. Remédio pra mim. “Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica”. A pessoa devora quantidades “excessivas” de comida num período delimitado de até duas horas, pelo menos uma vez por semana, durante três meses ou mais. Certeza que tenho. Bastaria me ver comendo feijão, quando chego a cinco ou seis pratos fundo fácil. Mas, para não ter dúvida, devoro de uma a duas latas de leite condensado por semana, em menos de duas horas, há décadas, enquanto leio um livro igualmente delicioso, num ritual que eu chamava de “momento de felicidade absoluta”, mas que, de fato, agora eu sei, é uma doença mental. Em vez de leite condensado, remédio pra mim. Identifiquei outras anomalias, mas fiquemos neste parágrafo gigante, para que os transtornos psiquiátricos que me afetam não ocupem o texto inteiro. 

Há uma novidade mais interessante do que as doenças recém inventadas pela nova “Bíblia”. Seu lançamento vem marcado por uma controvérsia sem precedentes. Se sempre houve uma crítica contundente às edições anteriores, especialmente por parte de psicólogos e psicanalistas, a quinta edição tem sido atacada com mais ferocidade justamente por quem costumava não só defender o manual, como participar de sua elaboração. Alguns nomes reluzentes da psiquiatria americana estão, digamos, saltando do navio. Como não há cordeiros nesse campo, movido em parte pelos bilhões de dólares da indústria farmacêutica, é legítimo perguntar: perceberam que há abusos e estão fazendo uma “mea culpa” sincera antes que seja tarde, ou estão vendo que o navio está adernando e querem salvar o seu nome, ou trata-se de uma disputa interna de poder em que os participantes das edições anteriores foram derrotados por outro grupo, ou tudo isso junto e mais alguma coisa?  

Não conheço os labirintos da APA para alcançar a resposta, mas acredito que vale a pena ficarmos atentos aos próximos capítulos. Por um motivo acima de qualquer suspeita: o DSM influencia não só a saúde mental nos Estados Unidos, mas é o manual utilizado pelos médicos em praticamente todos os países, pelo menos os ocidentais, incluindo o Brasil. É também usado como referência no sistema de classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É, portanto, o que define o que é ser “anormal” em nossa época – e este é um enorme poder. Vale a pena sublinhar com tinta bem forte que, para cada nova patologia, abre-se um novo mercado para a indústria farmacêutica. Esta, sim, nunca foi tão feliz – e saudável. 

O crítico mais barulhento do DSM-5 parece ser o psiquiatra Allen Frances, que, vejam só, foi o coordenador da quarta edição do manual, lançada em 1994. Professor emérito da Universidade de Duke, ele tem um blog no Huffington Post que praticamente usa apenas para detonar a nova Bíblia da Psiquiatria. Quando a versão final do manual foi aprovada, enumerou o que considera as dez piores mudanças da quinta edição, num texto iniciado com a seguinte frase: “Esse é o momento mais triste nos meus 45 anos de carreira de estudo, prática e ensino da psiquiatria”. Em carta ao The New York Times, afirmou: “As fronteiras da psiquiatria continuam a se expandir, a esfera do normal está encolhendo”.  

Entre suas críticas mais contundentes está o fato de o DSM-5 ter transformado o que chamou de “birra infantil” em doença mental. A nova patologia é chamada de “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” e atingiria crianças e adolescentes que apresentassem episódios frequentes de irritabilidade e descontrole emocional. No que se refere à patologização da infância, o comentário mais incisivo de Allen Frances talvez seja este: “Nós não temos ideia de como esses novos diagnósticos não testados irão influenciar no dia a dia da prática médica, mas meu medo é que isso irá exacerbar e não amenizar o já excessivo e inapropriado uso de medicação em crianças. Durante as duas últimas décadas, a psiquiatria infantil já provocou três modismos — triplicou o Transtorno de Déficit de Atenção, aumentou em mais de 20 vezes o autismo e aumentou em 40 vezes o transtorno bipolar na infância. Esse campo deveria sentir-se constrangido por esse currículo lamentável e deveria engajar-se agora na tarefa crucial de educar os profissionais e o público sobre a dificuldade de diagnosticar as crianças com precisão e sobre os riscos de medicá-las em excesso. O DSM-5 não deveria adicionar um novo transtorno com o potencial de resultar em um novo modismo e no uso ainda mais inapropriado de medicamentos em crianças vulneráveis". 

A epidemia de doenças como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem mobilizado gestores de saúde pública, assustados com o excesso de diagnósticos e a suspeita de uso abusivo de drogas como Ritalina, inclusive no Brasil. E motivado algumas retratações por parte de psiquiatras que fizeram seu nome difundindo a doença. Uma reportagem do The New York Times sobre o tema conta que o psiquiatra Ned Hallowell, autor de best-sellers sobre TDAH, hoje arrepende-se de dizer aos pais que medicamentos como Adderall e outros eram “mais seguros que Aspirina”. Hallowell, agora mais comedido, afirma: “Arrependo-me da analogia e não direi isso novamente”. E acrescenta: “Agora é o momento de chamar a atenção para os perigos que podem estar associados a diagnósticos displicentes. Nós temos crianças lá fora usando essas drogas como anabolizantes mentais – isso é perigoso e eu odeio pensar que desempenhei um papel na criação desse problema”. No DSM-5, a idade limite para o aparecimento dos primeiros sintomas de TDAH foi esticada dos 7 anos, determinados na versão anterior, para 12 anos, aumentando o temor de uma “hiperinflação de diagnósticos”.

Pensar sobre a controvérsia gerada pelo nova “Bíblia da Psiquiatria” é pensar sobre algumas construções constitutivas do período histórico que vivemos. Construções culturais que dizem quem somos nós, os homens e mulheres dessa época. A começar pelo fato de darmos a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsecamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.

Parte dos organizadores não gosta que o manual seja chamado de “Bíblia”. Mas, de fato, é o que ele tem sido, na medida em que uma parcela significativa dos psiquiatras do mundo ocidental trata os verbetes como dogmas, alterando a vida de milhões de pessoas a partir do que não deixa de ser um tipo de crença. Talvez seja em parte por isso que o diretor do National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental – NIMH), possivelmente a maior organização de pesquisa em saúde mental do mundo, tenha anunciado o distanciamento da instituição das categorias do DSM-5. Thomas Insel escreveu em seu blog que o DSM não é uma Bíblia, mas no máximo um “dicionário”: “A fraqueza (do DSM) é sua falta de fundamentação. Seus diagnósticos são baseados no consenso sobre grupos de sintomas clínicos, não em qualquer avaliação objetiva em laboratório. (...) Os pacientes com doenças mentais merecem algo melhor”. O NIMH iniciou um projeto para a criação de um novo sistema de classificação, incorporando investigação genética, imagens, ciência cognitiva e “outros níveis de informação” – o que também deve gerar controvérsias.

A polêmica em torno do DSM-5 é uma boa notícia. E torço para que seja apenas o início de um debate sério e profundo, que vá muito além da medicina, da psicologia e da ciência. “Há pelo menos 20 anos tem se tratado como doença mental quase todo tipo de comportamento ou sentimento humano”, disse a psicóloga Paula Caplan à BBC Brasil. Ela afirma ter participado por dois anos da elaboração da edição anterior do manual, antes de abandoná-la por razões “éticas e profissionais”, assim como por ter testemunhado “distorções em pesquisas”. Escreveu um livro com o seguinte título: “Eles dizem que você é louco: como os psiquiatras mais poderosos do mundo decidem quem é normal”.

A vida tornou-se uma patologia. E tudo o que é da vida parece ter virado sintoma de uma doença mental. Talvez o exemplo mais emblemático da quinta edição do manual seja a forma de olhar para o luto. Agora, quem perder alguém que ama pode receber um diagnóstico de depressão. Se a tristeza e outros sentimentos persistirem por mais de duas semanas, há chances de que um médico passe a tratá-los como sintomas e faça do luto um transtorno mental. Em vez de elaborar a perda – com espaço para vivê-la e para, no tempo de cada um, dar um lugar para essa falta que permita seguir vivendo –, a pessoa terá sua dor silenciada com drogas. É preciso se espantar – e se espantar muito.

Vale a pena olhar pelo avesso: quem são essas pessoas que acham que o “normal” é superar a perda de uma mãe, de um pai, de um filho, de um companheiro rapidamente? Que tipo de ser humano consegue essa proeza? Quem seríamos nós se precisássemos de apenas duas semanas para elaborar a dor por algo dessa magnitude? Talvez o DSM-5 diga mais dos psiquiatras que o organizaram do que dos pacientes. 

Há ainda mais uma consequência cruel, que pode provocar muito sofrimento. Ao transformar o que é da vida em doença mental, os defensores dessa abordagem estão desamparando as pessoas que realmente precisam da sua ajuda. Aquelas que efetivamente podem ser beneficiadas por tratamento e por medicamentos. Se quase tudo é patologia, torna-se cada vez mais difícil saber o que é, de fato, patologia. Por sorte, há psiquiatras éticos e competentes que agem com consciência em seus consultórios. Mas sempre foi difícil em qualquer área distinguir-se da manada – e mais ainda nesta área, que envolve o assédio sedutor, lucrativo e persistente dos laboratórios. 

Se as consequências não fossem tão nefastas, seria até interessante. Ao considerar que quase tudo é “anormal”, os organizadores do manual poderiam estar chegando a uma concepção filosófica bem libertadora. A de que, como diria Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal”. E não é mesmo, o que não significa que seja doente mental por isso e tenha de se tornar um viciado em drogas legais para ser aceito. Só se pode compreender as escolhas de alguém a partir do sentido que as pessoas dão às suas escolhas. E não há dois sentidos iguais para a mesma escolha, na medida em que não existem duas pessoas iguais. A beleza do humano é que aquilo que nos une é justamente a diferença. Somos iguais porque somos diferentes. 

Esse debate não pertence apenas à medicina, à psicologia e à ciência, ou mesmo à economia e à política. É preciso quebrar os monopólios sobre essa discussão, para que se torne um debate no âmbito abrangente da cultura. É de compreender quem somos e como chegamos até aqui que se trata. E também de quem queremos ser. A definição do que é “normal” e “anormal” – ou a definição de que é preciso ter uma definição – é uma construção cultural. E nos envolve a todos. Que cada vez mais as definições sobre normalidade/anormalidade sejam monopólios da psiquiatria e uma fonte bilionária de lucros para a indústria farmacêutica é um dado dos mais relevantes – mas está longe de ser tudo.E não, eu não acordei doente mental. Só teria acordado se permitisse a uma Bíblia – e a pastores de jaleco – determinar os sentidos que construo para a minha vida.  
Eliane Brum
Extraído da revista Época:



quarta-feira, 19 de junho de 2013

Saiu na revista! E.M.D.R (Eye Movement Desensitization and Reprocessing)

E.M.D.R é eficaz em situações de medo, fobias, traumas (separação, acidentes, luto, perdas, etc).

E.M.D.R quer dizer Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento Ocular. Trata-se de um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas, por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais.

Somente até ao final deste mês de Junho, as pessoas interessadas poderão agendar uma sessão gratuita de esclarecimento, acerca desta abordagem excepcional!


contacto: psicologia.vivamelhor@gmail.com

Página 29
http://comunidade.maiscomunidade.com/revista_virtual/6/1856

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Conheça o E.M.D.R: uma nova terapia para traumas

A técnica também auxilia o tratamento de depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade, distúrbios do sono e a superar os lutos.

Em 1984, Rosana Leite sofreu um acidente de carro e rompeu os tendões da mão direita, e não dirigiu à noite por mais de 15 anos. Já Silvia Guz lesionou o tendão do cotovelo na mesma circunstância, quase perdeu os movimentos do braço e sentia dores constantes. Apesar dos tratamentos convencionais, as lembranças e as dores de ambas não desapareciam. Mas, com a técnica terapêutica Eye Movement Desensitization and Reprocessing (Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares - EMDR), elas conseguiram superar seus traumas num tempo mínimo.
Criada na década de 1980 pela psicóloga americana Francine Shapiro, a prática foi desenvolvida para pessoas com transtorno de estresse pós-traumático. Hoje ela também auxilia o tratamento de doenças como depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade etc. De acordo com a psicóloga e representante do EMDR no Brasil, Esly Regina Souza de Carvalho, a terapia permite o reprocessamento neurológico de lembranças difíceis e dolorosas. E isso é possível por meio da integração do conteúdo neuronal em diferentes hemisférios cerebrais. "Com o EMDR criamos uma situação onde o próprio cérebro encontra um caminho de autorregulação. Por isso, é muito mais rápido que as terapias tradicionais", explica a especialista. Casos complexos que envolvam medo, dor ou insegurança podem logo desaparecer.
Diferentemente das terapias tradicionais, onde a palavra é necessária para o relato dos fatos traumáticos, a técnica permite que os pacientes reprocessem em silêncio os acontecimentos que lhes causam vergonha ou humilhação. Mas atenção: procure um especialista devidamente habilitado para não agravar o problema. Segundo a terapeuta Sílvia Malamud, do Instituto Sedes Sapientiae, para aplicar o EMDR, o profissional precisa ter conhecimento, prática e responsabilidade. "Durante o tratamento, inúmeras lembranças e situações inesperadas podem surgir, e somente um profissional capacitado terá condições de lidar com determinadas demandas", diz. Crianças podem se beneficiar da técnica, cujas únicas contraindicações são os quadros psicóticos agudos (esquizofrenia), e mulheres grávidas. Para Sílvia, "o EMDR funciona como uma terapia cerebral, pois o indivíduo acaba refazendo conexões cerebrais, trabalhando novas sinapses"

As informações são processadas pelo cérebro enquanto dormimos. Quem passa por uma situação traumática prejudica esse processo e permite que surjam pensamentos disfuncionais. O EMDR reorganiza os componentes causadores das memórias negativas e permite a cura dos traumas.

fotos: shutterstock
5 razões para conhecer o EMDR:
1. A terapia estimula o autoconhecimento, mudança do estilo de vida, além de auxiliar na superação de traumas;
2. Promove a liberação de padrões repetitivos (violência, raiva, timidez excessiva e medo);
3. É indicado para pânico em geral, ansiedades e fobias;
4. Distúrbios do sono em geral apresentam melhora, pois a técnica trata as lembranças ruins que impedem o sono reparador;
5. Os lutos (morte, divórcio, mudança de vida) são vividos de uma forma mais saudável e assertiva.


Como funcionam as sessões? 
Elas podem ser mensais ou semanais (duração de 50 minutos até 2 horas). Após o relato do paciente, o terapeuta avalia o caso e o grau da perturbação (de 0 a 10). Essa escala permitirá a análise da evolução do tratamento, até o desaparecimento dos sintomas. Segue-se a estimulação bilateral, método que promove o "diálogo" entre as lembranças traumáticas, os hemisférios cerebrais e a "metabolização" (reprocessamento) do trauma, por meio de exercícios oculares. Paulatinamente, haverá o distanciamento da perturbação, pois o EMDR reproduz o movimento rápido ocular (REM), que ocorre durante o sono. Ao dormirmos, reprocessamos naturalmente as experiências diárias. A técnica recria esse sistema e estimula o paciente a se recordar dos fatos difíceis enquanto move os olhos. O cérebro se encarrega de reprocessá-los espontaneamente. A alta terapêutica dependerá de como cada paciente reagirá ao tratamento.
PS: Os estímulos bilaterias podem ser ainda táteis ou auditivos e não somente através dos movimentos oculares.

Extraído do site: Viva Saúde

sábado, 15 de junho de 2013

Depressão e obesidade, complexa correlação!





depressão está na balança e bem acima do peso. A obesidade foi parar no divã e os quilos a mais estão recheados de tristeza e abatimento. Os médicos das mais diversas especialidades corroboram que uma doença está fortemente associada à outra. Aproximadamente 30% das pessoas que procuram tratamento para emagrecer apresentam depressão. 

Em comparação com os magros, quem sofre com o excesso de peso apresenta até três vezes mais risco de, em alguma fase da vida, ficar deprimido. A depressão pode ter como sintoma o aumento do apetite e, até mesmo, incontroláveis compulsões por comida. São as chamadas farras alimentares, episódios em que o indivíduo ingere grandes quantidades de alimentos e depois arrepende-se...

"Rolha de poço", "baleia" ou simplesmente "gordo"... é quase certo que quem teve problemas de peso durante o período escolar sofreu com apelidos nada carinhosos, como esses. Na vida adulta, embora o convívio social seja mais polido e politicamente correto, o preconceito continua. O obeso não cabe na cadeira do cinema, é motivo de piada entre os amigos e está fora do padrão de beleza. Sente-se deslocado e o risco de desenvolver males do trato emocional é maior. A pessoa fica insatisfeita com a própria imagem e tem receio de determinados convívios sociais, como por exemplo ir à praia.

A apatia, a sonolência, as dores no corpo, o desânimo e a fadiga, muitas vezes já existentes em decorrência do acúmulo de gordura no corpo, tornam-se mais frequentes e são absorvidos como características de personalidade pelo próprio indivíduo. Pronto, a depressão pode estar instalada. O aparecimento dessa doença é mais comum em jovens e mulheres com obesidade severa, o tipo mais grave do problema. A combinação é explosiva: torna o tratamento ainda mais difícil e intensifica a gravidade de ambos os males.

Surge, a partir daí, uma espécie de ciclo gorduroso. A pessoa come para compensar a tristeza e, simultaneamente, a prostração gera mais barriga. Internamente, no organismo, a depressão aumenta a circulação do cortisol. Essa substância, que também é conhecida por hormona do Stress, pode induzir ao acumulo de células de gordura na região abdominal. Além disso, a melancolia profunda reduz a produção de outros dois hormónios, a serotonina e a noradrenalina. O resultado dessa disfunção é aquela vontade louca de comer hidratos de carbono, isto é doces, pães e massas.


Nesse jogo de cartas marcadas, quem pode dar o ar da graça é a síndrome metabólica, um transtorno que combina o excesso de peso com doenças do coração e a resistência à insulina distúrbio que precede o diabete tipo 2. "A associação entre problemas mentais e a síndrome é bem frequente". Para liquidar com todos esses males e evitar que se agravem, é preciso contar com um time de especialistas. "É um combate multidisciplinar, que envolve psicólogos, nutricionistas e muita atividade física" Seria o jeito de descartar ambas as doenças em uma só jogada. "Tratar a depressão melhora a adesão e os resultados do tratamento da obesidade".

Vale lembrar que muitos antidepressivos levam ao aumento de peso e do apetite. Então, antes de se encher de cápsulas para mandar a tristeza embora, é bom conversar com o médico para averiguar as opções que não vão empurrar os quilos lá para cima. Exercício físico, aliás, é fundamental. Ele eleva o gasto energético e melhora o humor. Aí, depressão e obesidade se transformam em cartas fora do baralho.

Você come muito por que está deprimido?
Cerca de 40% dos obesos têm o transtorno do comer compulsivo, o famoso comer até passar mal. Desse total, 3/4 deles têm, tiveram ou vão ter depressão.

Você fica deprimido por que come muito?
Substâncias liberadas em excesso pelo organismo de quem tem depressão, como o glucagon, um hormónio que aumenta a taxa de açúcar no sangue, levam à obesidade abdominal.

Cirurgia bariátrica pode ajudar
A cirurgia bariátrica, que corta parte do aparelho digestivo, é a saída em alguns casos de obesidade severa. Ela prolonga a expectativa de vida em até 15 anos, diz o cirurgião José Pareja, professor da Universidade de Campinas, no interior de São Paulo.


Mas, segundo pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, entre os operados há um alto índice de suicídios. Eles analisaram mais de 16 mil obesos que passaram pelo bisturi. Desses, 16 se mataram, uma taxa cinco vezes maior que a considerada normal para os americanos. É preciso fazer um acompanhamento psicológico antes e depois da cirurgia. Afinal, a pessoa perde sua principal fonte de prazer: comer! Resultado, um terço dos operados entra em forte depressão.

Câncer e emoções
Nas últimas décadas, inúmeros estudos apontaram ainda que as emoções têm relação com os índices de tumores de mama. Estados depressivos, por exemplo, podem alterar o comportamento dos glóbulos de defesa do nosso sangue, que, entre outras atividades, são responsáveis por impedir a proliferação de células que sofreram mutações, o estopim dos tumores.

Queime calorias com dieta equilibrada e exercício
O que fornece energia ao organismo são os macronutrientes, diz a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Ela se refere a três tipos de moléculas contidas nos alimentos: proteína, lipídio e carboidrato que fornecem quantidades diferentes do combustível. Basta 1 grama de gordura para render 9 kcal. Já as mesmas porções de proteína e de carboidrato fornecem 4 kcal cada uma.


Uma dieta saudável, segundo a OMS, tem aproximadamente 55% de carboidrato, no máximo 30% de gordura e pelo menos 15% de proteína. As células queimam primeiro os açúcares obtidos do carboidrato e, depois, os da gordura, ensina o fisioendocrinologista Fábio Bessa Lima, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.



Para eliminar a abundância de energia em forma de pneuzinhos, basta inverter o tal balanço energético. Ele tem que ser negativo, caso contrário não se consegue queimar as gorduras, diz Mariana Del Bosco. Traçando outro paralelo com a linguagem dos economistas, para trocar o sinal desse balanço é preciso transformar o superávit em déficit, isto é, passar a gastar um pouco mais de energia do que aquela que se consome.



Em média, deixar de ingerir diariamente 600 quilocalorias significa mandar embora meio quilo por semana, salienta Mariana. E é bom ressaltar, ainda, que 75% dos gramas perdidos são gordura e o restante é massa magra. Isso quer dizer que, por mais que seu objetivo seja perder apenas as sobras, um pouco da musculatura também vai embora. Por isso é que não adianta só fechar a boca. É preciso se mexer para compensar. A principal forma de equilibrar o balanço ou deixá-lo negativo de um modo saudável é fazer exercício físico.



Você mesmo pode calcular seu gasto calórico. Em uma corrida, por exemplo, basta multiplicar o seu peso pela distância percorrida. Se você está com 70 quilos e acabou de atravessar 4 quilómetros no parque, consumiu 280 kcal. Mas não leve essa equação tão a sério. Embora ela também seja usada nas esteiras e nas bicicletas ergométricas, no fundo o gasto energético difere de pessoa para pessoa.Quem tem o metabolismo mais lento queima menos calorias do que isso. Outro item a ser levado em conta é o condicionamento físico. O corpo de quem já está acostumado a realizar aquela atividade é mais econômico, isto é, despende menos energia para fazê-la.

Pensando em todos esses aspectos, a Psicologia Viva Melhor criou o Programa "BEM ME CUIDO", saiba mais em: http://psicologiavivamelhor.blogspot.pt/2012/01/programa-de-reeducacao-alimentar.html


Extraído do site Saúde Abril:

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cuidar de quem cuida! O poder do E.M.D.R


Para todos aqueles que trabalham na área da saúde, seja física, mental, emocional ou espiritual, o nosso maior desafio é salvaguardar a integridade do nosso semelhante e para isso devemos obter os melhores e mais abrangentes níveis de conhecimento, para que este esteja incondicionalmente a serviço daqueles que buscam o nosso contributo profissional.
O E.M.D.R surgiu na minha história profissional quase como uma imposição, mas na verdade mostrou-se uma grande "dádiva". Há muito que eu desejava uma "ferramenta" mais célere e eficaz, que independente da minha linha de base teórica, pudesse auxiliar meus "clientes" a ultrapassar suas dificuldades, fossem estas dificuldades os medos reais ou irracionais, comportamentos estereotipados, situações de perda e luto, traumas de infância, acidentes automobilísticos, violência doméstica, quadros depressivos ou somáticos... Qualquer situação de sofrimento pode ser amenizado e até superado através desta fantástica abordagem neurobiológica. O E.M.D.R foi na verdade um "presente maravilhoso", uma oportunidade única que tem transformado a minha vida profissional, numa experiência muito mais plena, enriquecedora e positiva. Os resultados relativamente mais rápidos e consistentes que aqueles obtidos nas abordagens tradicionais, fomentam o desejo de investigação e a partilha dos resultados. 
É consensual que o terapeuta enquanto agente de transformações, deve deter além de conhecimento teórico-científico, um grande desenvolvimento pessoal. É necessário que tenhamos a clara noção das nossas dificuldades emocionais, dos nossos mecanismos de defesa e sobretudo das nossas limitações. Somente assim vamos ter a humildade suficiente para também nós, buscarmos o apoio de um profissional no sentido de nos tornarmos pessoas melhores, conscientes dos nossos erros e mais assertivos nas nossas escolhas.
O vídeo em anexo mostra a dimensão do sofrimento humano, a dimensão do limite e do apoio incondicional, bem como a humildade e a capacidade de entrega de uma profissional comprometida com o seu real papel de agente de transformações.
Parabéns a Sônia Carniel pela partilha da sua experiência profissional e pessoal e a Esly Regina de Carvalho pela excelente actuação.

http://youtu.be/zI-Z3skmD0g